Monthly Archives: Dezembro 2012

Mensagem de Boas Festas

Passado, o Natal de 2012, pergunto-me, se haverá Natal em 2013 e, digo isto porque, este Natal não foi como os Natais que, estava privilegiada a ver.

Ora, bem, desde que me conheço por “gente”, (tendo eu completado 27 Verões este ano, digo isto, porque nasci no Verão) sempre vi nas ruas e centros comerciais, muita alegria e azáfama, nesta quadra.

As pessoas espalhavam sorrisos. Era lindo!

Este ano, assisti a tristeza, lágrimas…

E as pessoas que, outrora espalhavam sorrisos, no seu semblante via-se raiva, por não terem a carteira recheada, para presentearem a família.

Mas, um dia na óptica do nosso Primeiro-ministro, os nossos filhos e netos, iram-nos agradecer o esforço que fizemos agora, … como: não lhes dando as prendas e o bacalhau que, tradicionalmente recebiam e comiam. Tal iguaria foi, substituída por migalhas de pão no prato. E quem, teve a sorte de, ainda ter essas migalhas, deva dar-se por feliz, porque no Natal de 2013, não terá nada!

Agora, é melhor mudar de assunto, senão ficamos deprimidos, se é que já não o estamos…

Ora bem, então agora, falarei nos pedidos de ajuda que, se multiplicam nesta época.

Todos os anos, por esta altura fazem-se apelos de ajuda ao próximo e este ano não foi exceção. Fez-se: missões e campanhas televisivas, panfletos da luta contra doenças, pedidos de Juntas de Freguesias, pedidos para o Banco Alimentar, etc.
Mas este ano extrapolaram. Por acaso, considero importante ajudar quem mais precisa, mas nos outros anos, também haviam pessoas a necessitar da nossa ajuda, e só agora que se instalou a crise, é que se lembraram?

Não acham que, já se devia ter começado a preocupar, há mais tempo? Só agora é que há fome? Só agora é que, são necessários cuidados médicos?

Não. Mas apelo, ao vosso bom senso, ajudem o próximo. Para quem tem, ainda alguma coisa, não será 1 euro que, vos fará mais ricos ou mais pobres!? Nos hipermercados, sempre que, houver uma campanha de angariação de alimentos, comprem nem que seja um pacote de arroz ou um pacote de leite, para vocês não custará quase nada, mas para as famílias carenciadas, já é muito e com isso, podem alimentar os seus entes queridos.

Já agora, quem foi buscar os familiares com mais experiência (nunca digam idosos ou terceira idade, visto que, magoa) aos lares onde os deixaram, para passar a ceia de Natal, com o calor do amor dos netos?

Quem deixou, o pai ou a mãe numa cama de hospital, largados à própria sorte?

Quem deixou, as suas crianças abandonadas, por terem certas doenças ou não terem dinheiro para cuidar destas, na porta da misericórdia?

Quem deixou os animais domésticos na rua?

Não se desculpem, com a crise, visto que, estes factos já aconteciam antes!
Tudo tem a ver com a atitude do ser humano!

Portanto, mais do que nunca, o povo tem de estar unido e as pessoas ajudarem-se mutuamente!

Eu penso assim, e vocês?

Silêncio que não quer Calar

Ainda não Acabou?

Amanheci, tranquilamente, com um raio de Sol a entrar pela janela do meu quarto e pensei, cá para com os meus botões que, ainda não foi desta que o Mundo acabou. Mas esperei pela tarde e pelo anoitecer. E nada.

Não sei, o porquê de tanto “alarido”! Por acaso, até esteve um dia solarengo e pouco frio, apesar de começar hoje o Inverno. Esteve um dia deliciosamente doce, com as fatias douradas que fiz. Até secou a roupa que, coloquei no estendal!

Cá para mim os Maias, só nos queriam pregar um susto ou, tentar transmitir algo importante que, nem os melhores estudiosos do assunto, perceberam. Será que, já desmistificaram, o significado do, 13º bak’tun?

Por esta hora, os estudiosos já descobriram que, não aconteceu o tal “Fim do Mundo” e que, ficará para outro dia. Coitados, tantos anos de estudos…

Até, eu me interessei por este tema e vi vários documentários. Acabava, era sempre por adormecer a meio, mas tomei conhecimento de algumas coisas, considero que fiquei um pouco mais culta. O que não, achei piada foi que, descobri que haviam pessoas que tinham comida armazenada em bunkers!

É surreal! Bom, mas quando acontecer mesmo já, não têm de se preocupar, sabem onde se esconder. Mas até lá, talvez usem os bunkers, para se esconder dos problemas ou encontrar um refúgio, sei lá!

Mas o final do Mundo, realmente está para chegar e, já não há-de faltar muito, pode não ser na minha e na vossa geração ou na dos nossos netos, mas este cataclismo já se iniciou e, poderemos ver isso, através das notícias. E se, ainda não viram, comecem a reparar.

Silêncio que não quer Calar

Nunca viajei de avião

Hoje, acordei logo pela manhã, com uma vontade enorme de pôr em práctica, o que planeei o ano inteiro, mas como não tive oportunidade de concretizar o meu plano, ou melhor dizendo, o meu desejo avassalador, hoje encorajei-me e lá fui eu.

Depois de me ter arranjado, encaminhei-me à agência de viagens, mais próxima de minha casa. Quando cheguei à agência, só pensava em concretizar o meu desejo de viajar de avião, antes do cataclismo que se antecipava, o fim do Mundo, nem sequer pensei no destino, apesar dos panfletos que me iam mostrando.

Após, comprar o meu bilhete de avião, vim para casa, pus umas quantas coisas numa mala, peguei no meu “necessaire” e na minha máquina fotográfica e apanhei um táxi, para o aeroporto.

No caminho, achei estranho o taxista perguntar-me onde ficava o aeroporto… embora lhe tenha dito que ficava em Lisboa, ripostou com um imaginário aeroporto, na Ota.

Quando cheguei, dei as minhas malas para colocarem no porão do avião e apresentei o meu bilhete. Nunca tinha estado num aeroporto e estava tão distraída, a contemplar as aterragens dos aviões a terra que, a senhora chamou por mim 2 vezes, para eu poder embarcar. Fui a última a entrar. Nunca tinha estado dentro de um avião, quanto mais, viajar num. Estava absolutamente deslumbrada… e a hospedeira apercebeu-se que, nunca tinha viajado num avião e veio gentilmente, ajudar-me com o local, onde me iria sentar.

Após, ter-me sentado, vieram servir as bebidas e disseram que já trariam o almoço. E como, viajava, sozinha e não aprecio almoçar sem companhia, meti conversa com o senhor que, estava a meu lado:

– Já viajou de avião?

– Desculpe, mas eu conheço-a?

– Não… mas como, estou sozinha, e não aprecio almoçar sem companhia…

– Tantas pessoas a seu lado, porquê eu?

– Desculpe, não queria de modo algum, incomodá-lo…

– Desculpe-me, eu fui grosseiro consigo, hoje o dia correu mal …

– Não faz mal. Acontece a todos!

– Mas já. Já viajei de avião. E muitas foram as vezes.

– Olhe, eu sou Germán Efromovich…

– Ah, foi o senhor que comprou a TAP? Ou melhor a TAB? Bem, me parecia que sua cara me era familiar, das notícias, claro!

– Sim, fui eu. E o que acha da TAB? Está a gostar? Eu estou a fazer-me passar, por um mero passageiro, para verificar, se está tudo em ordem. Sabe como é! Temos de estar em do negócio, senão… já sabe.

– Sei, sei. TAB? Porquê, que tinha de mudar? O senhor comprou a TAP, ou seja, Transportes Aéreos de Portugal! Não, Transportes Aéreos do Brasil?! Realmente, bem vi TAB, mas pensei que, fosse um erro de impressão no bilhete.

– Aqui têm os vossos almoços. (disse a hospedeira)

– Já não era sem tempo. (respondeu o senhor)

– Obrigada. (agradeci gentilmente)

– Mas o que, esta hospedeira me serviu, dentro da sandes? Ao em vez de alface, está relva? Daqui, ao pouco fazem o mesmo, com o tabaco. Só para ficar mais barato. Olhe, chegue aqui?

– Diga, estou ao seu dispor.

-Isto é o que servem? É inadmissível!

– Não sou que, faço o menu, senhor! Já vi que é portuguesa…

– Sim, sou.

– Oiçam, todos! Os funcionários que aqui trabalham e sejam portugueses estão despedidos!

Nem podia acreditar, no que acabara de ouvir, fiquei consternada. Após, recuperar do choque, reparei que o senhor, já não estava sentado, junto a mim. E uma das passageiras, assustada com o sucedido, tentou conversar comigo:

– Já viu?

– Já, já. Para minha primeira viajem, de avião, estou estupefacta.

– Vai, para onde? É que este voo faz escala.

– Vou para Angola.

– Dizem que é um país bonito! E quem a espera?

– Não sei.

– Mas…

– É que sabe, eu vim tratar da privatização da RTP, mas os compradores não têm rosto, embora sejam acionistas noutras empresas.

– Mas estrangeiros, dizerem-nos o que devemos ver ou não… é uma palhaçada. A sigla, RTP, significa Rádio Televisão Portuguesa! Não, angolana ou alemã, ou outra nacionalidade qualquer?! E vai deixar de ser Estatal?

– Pois, não sei. A mim só me incumbiram de tratar da privatização.

– Isso é a mesma coisa que, a Ponte 25 de Abril deixar de, ter esse nome e passar a chamar-se Ponte 5 de Outubro ou Ponte 1 de Dezembro?

– Pois… E eu que, planeei a viajem todo o ano e quando ganhei coragem de marcar… telefonam-me no caminho para o aeroporto e dizem que viajo mas é a trabalho…

– Boa viagem.

– Igualmente.

Uma coisa é certa, já que os “nuestros hermanos” brincam com a desgraça do nosso país, podíamos também, fazer-lhes o mesmo. Mas não é que têm razão!?

Silêncio que não quer Calar

Coveiro precisa-se

Ontem, encontrei-me com uma velha amiga, ainda dos tempos de faculdade. Nem acreditava que, era a minha melhor amiga já com duas crianças pela mão. Sentámo-nos numa esplanada, de uma pastelaria e enquanto bebericávamos uma chávena de chá, esta convidou-me para, passar uns dias com ela, na terra dos pais, situada “lá para trás do Sol-posto” ou se preferirem “para onde Judas perdeu as botas”. Mas esta não nomeou, o desejo de levar com ela, aqueles dois docinhos de fita no cabelo e vestido azul e intrigada, perguntei:

– Então não levas as tuas meninas?

– Não! Achas?! Estas meninas não são minhas filhas… é que sabes, eu nas minhas horas vagas, sou ama. Foi um biscate que eu arranjei.

– Ah! Então agora estás de férias!

– Não, não. As minhas férias ainda não gozei todas…

– Então, mas… não vais à terra dos teus pais?

– Vou.

– Agora é que eu não percebi nada!?

– Eu explico, trabalho num restaurante e faço muitas horas extras e como…

– Não me digas que não te pagam?

– Não pagam essas horas… mas compensam de outra forma. Já ouviste falar em banco de horas?

– Não.

– Então, isto processa-se assim: todas as horas extraordinárias que fizeres, que supostamente seriam pagas, ser-te-ão dadas, em tempo livre. E quando tu pedires à tua entidade patronal, para as gozar, aí gozas as horas que fizeste a mais. Portanto, como fiz muitas horas, tive direito até a folgas!

– Ah… já percebi. As leis são feitas para o empregador e o trabalhador se quiser aceita, se não quiser, há mais quem queira!

– Mas chega lá de conversas. Vens comigo ou não? Anda, vai ser divertido!

– A pedido de várias famílias, eu vou. Até amanhã.

E lá fomos nós, de carro por serras e planaltos na nossa expedição, para a terra “onde Judas perdeu as botas”, a ouvir as nossas músicas favoritas, dos tempos de faculdade.

Quando, chegámos, esperávamo-nos uma fogueira bem acesa que iluminava a sala toda e o crepúsculo gelado com cheirinho a sonhos, acabadinhos de fazer pela mãe da minha amiga.

Depois de, nos refazermos da longa viagem, ceámos e deitámo-nos, com o conforto de um cobertor de penas.

Quando, acordei e fiz o que faço todas as manhãs, após o meu pequeno – almoço, liguei o meu portátil e acedi à net com uma pen e verifiquei a minha caixa de email e procurei emprego, nos vários sites de emprego. Mas houve, uma oferta de emprego, que me deixou deveras apreensiva. No qual foi, o meu espanto, ver a que ponto a sociedade chegou… “Coveiro, precisa-se”. De imediato, chamei a minha amiga, para lhe mostrar o que encontrara. Quando, esta foi ao meu encontro, perdi a ligação da internet… Bom, fiquei tão perplexa quanto angustiada, por ver ofertas destas na internet…

Ao fim de um pouco, para desanuviar fui ver televisão, mas não apanhava sinal. E disse, então para a minha amiga:

– Então, não dá?

– Pois, não. E não vale a pena, perguntares o porquê, visto que, esclareço-te já. Desde, aquela época que, “inventaram” a televisão digital, nem aqui nem nas aldeias vizinhas, tivemos televisão. Só aqueles que, têm contratos com outras “redes”, por assim dizer, é que têm esse luxo, luxo esse que se paga.

– Entendi, então os mais pobres, não podem e agora os remediados pensionistas, que ainda podem ter esse luxo, vão cortar-lhes ainda mais a reforma, porque o nosso Primeiro-ministro considera que, descontaram pouco. É pena, porque quando chegar a altura dele, nem Segurança Social existirá para, lhe pagar a reforma. Só a TAP, contribuía em grande percentagem, para a Segurança Social e querem vendê-la! Tristeza!

– Eu tenho dó, do nosso Presidente da República, nem as reformas chegam para pagar as despesas… Coitado.

– Não tenhas dó, rapariga! Não, vês que, agora esconde-se atrás do Tribunal Constitucional…

– Deixa, lá isso, agora. Olha, vai conhecer a terra. Desculpa, não te acompanhar mas que estou a ficar constipada…

– Olha, não fiques doente! Já viste que, as taxas moderadoras foram aumentadas? E as Urgências? Vais lá com uma dor de cabeça, sais com uma dor no bolso?! E é melhor que, não fiques internada, visto que, sais até mesmo antes, de te terem internado. A saúde está pela hora da morte.

Depois, desta conversa com a minha amiga constipada, saí de casa e avistei um castelo e deparei, com um senhor muito bem-parecido, já com uma certa idade, que deambulava pela rua olhando as pedras da calçada. E achei estranho, ver aquele senhor com um ar tão cabisbaixo e triste, mas como gosto de fazer amizades, perguntei-lhe:

– Bom dia! Como está? Sou nova na terra… sabe-me dizer o horário de funcionamento das bilheteiras, para visitar o castelo?

– Sei, mas não vale a pena. Quem lá trabalhava, era o vice- presidente da Câmara, que nos fins – de – semana, abria as portas do Castelo mas foi para Lisboa. Olhe, foi morar com os filhos… a Câmara, a que nossa freguesia pertencia, vai deixar de existir.

Quando me virei, para consolar o senhor, fiquei consternada ao olhar para um panfleto colado na parede, de uma casa. E perguntei ao senhor:

– Então, vocês precisam de um Coveiro?

– Ah, esse foi outro. O coveiro era o presidente da Junta de Freguesia e teve de emigrar para o estrangeiro.

– Então, e agora?

– Como esta Junta também será extinta, ele viu-se, na obrigação de emigrar para pôr o pão na boca dos filhos… coitado, um homem já de 50 anos, agora emigrar… Mas, em resposta à sua questão, já pedimos ao IEFP para mandar alguém, mas disseram-nos que, os que estão a receber o subsídio de desemprego não querem trabalho e os do rendimento mínimo, também não, visto que, estão a receber ser fazerem nada e vinham trabalhar para receber menos e ainda descontar?

– Ok. Bom, foi um prazer conhecê-lo.

Continuei a minha volta e depois fui para casa ver se a minha amiga estava melhor. Quando, cheguei, encontrei-a melhor e começámos a conversar dos tempos de faculdade, quando me interrompeu e perguntou o que tinha achado da aldeia e contei-lhe o sucedido. No meio da nossa conversa, entra o seu pai, cumprimenta-nos mas resmungando:

– Eu sou da PSP, há já 33 anos e nunca vi tal coisa! Agora querem passar as nossas funções à GNR? Vou demitir-me. Ficar só com o policiamento urbano? O Governo que nos aguarde…

-Pai tenha calma. (retorquiu a minha amiga)

– Estou para ver, quando nos revoltarmos, quem é QUE os irá proteger… Talvez, sejam os militares dentro dos tanques comprados, sem serventia nenhuma… Se tivesse as previsões do Ministros das Finanças que, acertam quase sempre e são raras vezes que não acertam, ganhava o Euro milhões e ia para bem longe!

No dia a seguir, voltámos para Lisboa e combinámos outro encontro. Mas disse à minha amiga:

– Olha, exige o pagamento das horas! Tens direitos!

Silêncio que não quer Calar

O presente de Natal do Governo aos Estivadores

Hoje, o assunto que irei tratar será, do presente de Natal do Governo aos Estivadores. E será que é mesmo um presente de Natal ou um presente envenenado? No decorrer do artigo, irão perceber se é ou não um verdadeiro presente e tirar as vossas próprias conclusões.

Ora, portanto, normalmente todos os anos por esta época, há a dita troca de prendas entre familiares ou, entre conhecidos devido ao “parece bem” ou, àqueles que nos fizeram um favor e nós agradecemos desta forma, mas ainda há mais, como: oferecer à pessoa que menos gostamos e que não a podemos ver à frente, durante todo o ano e só porque é Natal, num acto hipócrita e dissimulado oferecemos… Já aconteceu a algum de vocês? Pois é, ninguém o admite mas já o fizeram.

Há quem, em oferendas envenenadas, nos comtemple todo o ano, descaradamente e sem dó nem piedade faça o mesmo, e todos NÓS sabemos quem é… E este ano, para lhe demonstrar o nosso “agradecimento”, podíamos homenagear, através da ceia de Natal ceando, ao em vez do peru, coelho, e ao em vez de tronco (de chocolate) portas. É preciso ter imaginação pessoal! Sempre as mesmas iguarias… este ano vamos mudar!

Bom, prendas e iguarias natalícias à parte, voltamos novamente ao assunto inicial, referido no primeiro parágrafo, deste artigo.

Na minha óptica, considero plausível começar por uma breve noção histórica e uma pequena abordagem sobre um ou outro detalhe do que é a Estiva. E falarei destes dois assuntos ao mesmo tempo, visto que, ambos se complementam.

Já por várias vezes, o povo se perguntou:

– Afinal, o que é a Estiva? Existe desde quando?

Vou então, satisfazer as respostas às vossas dúvidas e dissipar alguns mitos que a televisão mostra (fazendo sempre a TV o “efeito biombo”), e isto se deve a que, nunca foi esclarecido ao povo português a realidade dos factos e os “porquês”.

A Estiva, já existe há existe há vários séculos, talvez atrever-me-ia dizer desde, a época dos Descobrimentos, porque já nessa altura tinham de existir pessoas que carregassem e descarregassem a mercadoria das caravelas e naus que chegavam dos vários países que havíamos conquistado. E quem seriam essas pessoas? Seriam, pois os estivadores que carregavam às costas a mercadoria, muitas das vezes senão todas, pesada. E como é óbvio, eram os estivadores. E quem são e qual é a sua função? Actualmente, e com modernização já, não é necessário carregar às costas, visto que, já existem máquinas para o fazer como: guinchos, tractores, empilhadores, etc. Portanto os estivadores são os técnicos responsáveis pela colocação, retirada e arrumação nos porões e convés dos navios.

Mas não pudemos confundir estivadores, com as outras categorias profissionais, dentro de um porto.

Continuando, a minha abordagem histórica, tenho ainda a referir que, ao longo anos esse trabalho árduo practicado por esses homens que, ninguém lhes dava o devido valor, nem sequer recebiam ordenado, portanto, os dias que não havia trabalho não ganhavam, e isso já foi alvo de filmes, também não eram sindicalizados, com o decorrer dos anos mudou e foi feita a designação das diferentes funções dentro de um porto.

Depois de ter feito esta pequena abordagem histórica, só posso reportar-me ao caso Português, visto que tenho mais informação e trata-se da nossa pátria.

Agora, é importante referir os díspares cargos num porto. Tendo já falado, nos estivadores passo a explicar os outros cargos: existem ainda os Conferentes, que verificam as cargas e descargas movimentadas no porto e os portuários, são os trabalhadores que operam nas máquinas, denominadas guindastes ou gruas.

Após, a minha explicação do significado “Estiva” e da breve abordagem histórica, posso acrescentar que, estes operários já têm Sindicato próprio, há mais de 40 anos, tendo como nome: Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal e mais tarde foi integrado neste sindicato, o Sindicato dos Trabalhadores Portuários dos Portos de Setúbal e Sesimbra abrangendo ainda os portos de Sines e Figueira da Foz, tendo este Sindicato sede em Lisboa.

Posto isto, posso iniciar o que verdadeiramente quero afirmar imperativa e perentoriamente, a relevância desta classe para o nosso País.
Ora, pois, então, já se perguntaram de onde vem o açúcar que consomem? Alguns medicamentos que tomam? De onde vêm os animais, que compram no talho, para a nossa alimentação diária?

Pois bem, muitos dos alimentos que consumimos e outros bens que utilizamos, vêm nos navios. E são descarregados por estes homens, que fazem horas extraordinárias, noites que não passam com a família, Natais e Fins de Ano que não festejam com os amigos… e fazem tudo isto para nos pôr o pão na mesa e o açúcar no café!

Sabem porquê? Porque, o nosso País importa mais do que exporta. O nosso Governo não aproveita o que temos cá. O que é de fora é melhor?! Desenganem-se. O que é Nacional é bom.

Agora, o Governo quer fazer o que já tentou por inúmeras vezes… Pôr mão – de – obra mais barata a trabalhar nos portos e destituir dos seus cargos as pessoas que sempre nos deram tudo. É esta a razão da greve.

O Governo quer voltar à precariedade. Tudo aquilo que este sector conquistou, o Governo quer retirar-lhes e há já alguns anos conseguiu uma parte, passo a explicitar, para quem não ou não se lembra, na década de 90, mais precisamente em 1993, o Primeiro- Ministro Cavaco Silva (na época) disse:

– Consegui fazer, o que nenhum outro foi capaz de fazer, o sector Intocável já não é o foi até agora.

Eu conto o que aconteceu, houve pessoas que para sair da Estiva receberam indemnizações para irem embora e as que permaneceram viram o seu ordenado decair consideravelmente.

Muitas pessoas têm inveja, da retribuição monetária destes trabalhadores e o Cavaco Silva foi um deles, mas esqueceram-se que não são eles que passam noites sem dormir e cada segundo da vida desses homens é posta em causa, isto porque, se um portuário deixa cair a carga que está a retirar de dentro do navio para terra e alguém passar por baixo, é morte certa e se com o balanço do navio a carga não estiver bem acondicionada e resvalar e for contra um trabalhador, já sabem… É também um trabalho de risco. Também Há que ter isso em conta!

Várias vezes, referem que os estivadores são mal -educados e brutos… não! É mentira! Agora dizer as verdades é ser mal-educado? E fazerem por se ouvir e fazer valer os seus direitos é ser bruto?

Não se esqueçam que, é importante fazer algo para que nos possam ouvir! E estas pessoas fazem-se ouvir através das Greves que têm vindo a fazer e já estão algumas agendadas. E para que, vocês meus caros leitores, entendam os motivos destes homens, deixo-vos aqui o link do Sindicato, que referi acima: http://sindicatodosestivadores.com/?acao-sindical.
No que concerne, ao dito presente envenenado, embrulhado com fitinha dourada é a precariedade.

(Nota: Este artigo é em homenagem a uma pessoa que me é muito querida.)

Silêncio que não quer Calar

A (Des)Ajuda Externa

Hoje, acordei pela manhã, pensando eu que, estaria um dia radioso vislumbrando um Sol Brilhante… mas depressa me apercebi que, o dia estava tão nublado como a cinzenta nuvem que assombra o nosso País!

Num utópico pensamento, disse para com os meus botões, que tudo se iria resolver… mas a magia e as utopias de resoluções instantâneas, verificam-se só nos efeitos especiais dos filmes de James Cameron ou de Steven Spielberg.

Pois é, esta nuvem que assola o País e que não tem uma solução instantânea é a Ajuda Externa, ou seja, o nosso Ministro das Finanças Vítor Gaspar foi humildemente pedir “autorização”, às mais altas patentes dos maiores países capitalistas do Euro Grupo , no Parlamento Europeu, em Bruxelas, para que se encontre uma forma de, facilitar ou não sacrificar tanto a vida ao povo português, e de modo a que, se encontrem medidas mais ponderadas e plausíveis para prorrogar o prazo do pagamento da dívida nacional.

Ora bem, vejamos… tal endividamento foi feito pelos nossos dirigentes políticos, ao longo destes anos… se repararem, não foram os contribuintes a fazer tal divida… Mas como sempre, o “Zé Povinho” é que paga, recheando os bolsos dos fatos caros comprados em lojas chiques e de renome internacional e as contas voluptuosas em offshore, os denominados paraísos fiscais, que só por um acaso um desses paraísos, situa-se na ilha da Madeira.

Mas endividamentos à parte, volto a referir o que escrevi num parágrafo acima, a dita “autorização”, querendo agora referir a ameaça do Ministro das Finanças alemão, digo isto porque, este Sr. aconselhou que, não devamos pedir as mesmas condições que, foram concedidas à Grécia para podermos entrar nos mercados internacionais… mas isto soou-me a ameaça. Porquê? Porque, no meu prisma pareceu-me que, o Sr. por palavras mais floreadas e simpáticas estava a dizer-nos: – Ou fazem como nós dizemos ou então não entram nos mercados internacionais! O que vos parece?

Bom, tenho de dar a “mão à palmatória”, no sentido em que, os nossos governantes, bem tentaram “facilitar” a vida aos portugueses, com discursos retoricamente corretos no Parlamento Europeu, mas de nada adiantou, ainda foram gastar o nosso sacrifício (monetário) em viagens, hotéis e alimentação.

Agora, voltando ao assunto de Portugal versus Grécia, simplesmente têm 2 similaridades, sendo estas: pertencem à União Europeia e também uma elevada taxa de endividamento. No que concerne, a discrepâncias são algumas bastante consideráveis como: a cultura e as tradições são extremamente diferentes, o idioma também, as iguarias idem aspas e até o sabor da História e o aroma da hospitalidade. Mas se notarem, nenhum país se iguala a outro, visto que, é único, cada país é singular e é isso que os torna diferentes e enriquece as multinacionalidades terrestes. E ser comparável à Grécia até seria bom, visto que, foi-lhes perdoada metade da dívida.

Ainda por cima, o nosso Primeiro-ministro Passos Coelho refere que, Portugal foi elogiado porque estávamos num bom caminho.

É de loucos! Só se for para levar Portugal à bancarrota?! Preferindo, ainda vender dívida a vários povos, ou seja, qualquer dia, já não falaremos português mas sim chinês ou turco ou melhor alemão! O nosso território está a ser divido aos poucos… Tanto trabalho que, teve Dom Afonso Henriques ao expulsar os mouros do nosso País, tendo até travado batalha com a própria mãe para nada??? Para agora, estar a desintegrar-se o seu ”Portucale”?

Onde isto vai parar…

Mas, no entanto, considero que seria um caso a ponderar, a compra de óculos do que a ostentação de carros de luxo, visto que, já deviam ter visto a violência do sacrifício que impõem ao populato. Embora os partidos políticos da oposição já haviam dito que era necessário a prorrogação do prazo…

E o que nos resta é a chuva que resvala pelo nosso semblante!

Silêncio que não quer Calar